Resumo

Introdução: A estirpe Pseudomonas fluorescens H41 foi isolada da esponja Haliclona sp. no Arquipélago das Cagarras, Rio de Janeiro. Esta estirpe apresenta atividade antimicrobiana contra bactérias resistentes a antibióticos de uso clínico. Além disso, a estirpe H41 é móvel, produz o sideróforo pioverdina, possui plasmídeo, é resistente aos antibióticos aztreonam e cefalexina, e é provável produtora de biossurfactante. O presente trabalho tem como objetivo analisar mutantes da estirpe P. fluorescens H41 obtidos a partir do processo de mutagênese por transposição com o miniTnphoA3. Materiais e métodos: A estirpe H41 foi submetida ao processo de mutagênese por transposição utilizando-se o mini-transpóson, TnphoA3. Os mutantes obtidos foram analisados quanto à atividade antimicrobiana, produção de pioverdina e motilidade. A seguir, baseando-se nestas primeiras características fenotípicas, mutantes foram selecionados para serem caracterizados quanto à atividade antimicrobiana contra bactérias de importância médica. Estes mutantes também foram submetidos aos testes de motilidade em meio semissólido, hidrofobicidade celular, atividade hemolítica e susceptibilidade ao aztreonam e à cefalexina. Resultados: Uma biblioteca de 960 mutantes da estirpe H41 foi obtida e todos os mutantes foram analisados quanto à atividade antimicrobiana contra S. aureus, quanto à produção de pioverdina e motilidade (swarming). Assim, 28 mutantes foram selecionados para os testes seguintes, onde dentre eles quatro mutantes perderam a atividade antimicrobiana e a motilidade, e dois perderam a capacidade de produzir pioverdina; 14 mutantes apresentaram a atividade antimicrobiana reduzida e a produção normal de pioverdina; um mutante apresentou produção normal de pioverdina e perdeu a capacidade total de produção de substância antimicrobiana; os outros nove mutantes permaneceram com atividade antimicrobiana, produção de pioverdina e motilidade normais e foram selecionados aleatoriamente na biblioteca para também serem caracterizados pelos testes seguintes. Assim, o screening funcional dos 28 mutantes demonstrou que dois perderam a capacidade de formar espuma e, dessa forma, tornaram-se negativos no teste de hidrofobicidade celular. Todos se tornaram sensíveis ao aztreonam, perderam a motilidade no meio semissólido e a atividade hemolítica, caraterísticas observadas na estirpe H41 selvagem. Três mutantes apresentaram susceptibilidade à cefalexina. Os genes dos mutantes de H41 que foram nocauteados pela inserção do miniTnphoA3 estão sendo analisados por sequenciamento. Conclusões: Como a estirpe P. fluorescens H41 apresenta um bom potencial para a exploração biotecnológica, este estudo é de grande relevância no sentido da compreensão de como a interrupção de determinados genes pode interferir na expressão fenotípica das características analisadas. Instituições de fomento: CAPES, FAPERJ, CNPq.