Resumo

O uso da água produzida (AP), oriunda do processo de extração de petróleo, tem sido sugerido como alternativa de irrigação, porém a presença de sais, hidrocarbonetos e metais em sua composição pode impactar negativamente as funções do solo. Este trabalho teve como objetivo avaliar o impacto da irrigação com AP sobre a atividade microbiana do solo cultivado com plantas oleíferas em ambiente semiárido. Experimentos com as culturas de girassol cv. BRS 321 e de mamona cv. Energia, irrigadas com água captada do lençol freático (AC), águas produzidas tratada com filtragem simples (APF) e por processo de osmose reversa (APO), além de áreas não cultivadas C, foram conduzidos na fazenda Belém, Aracati, Ceará, Brasil. O solo rizosférico da camada superficial (0-10 cm) foi coletado nos períodos pré-plantio e durante as fases de crescimento e florescimento das culturas e avaliado tendo em vista as populações de fungos e bactérias cultiváveis, os teores de carbono total (COT) e microbiano (CBM), a respiração basal (RB), o quociente metabólico (qCO2) e a atividade da desidrogenase. A irrigação com AC e APF propiciou incremento no número de micro-organismos e na atividade enzimática do solo, enquanto o tratamento com APO reduziu a densidade populacional de bactérias, na sétima semana após o plantio de ambas as culturas, e de fungos filamentosos, na décima primeira semana do plantio da mamoneira, porém o nível de desidrogenase não variou em comparação com o solo controle. Em relação às demais águas testadas, a irrigação com APO reduz os micro-organismos cultiváveis e inibe a atividade da desidrogenase do solo. Outros parâmetros de qualidade do solo, como COT, CBM, RB e qCO2 não permitem diferenciar efeitos da irrigação com água produzida durante um ciclo de cultivo das plantas bioenergéticas.