27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:810-2


Poster (Painel)
810-2Caracterização estrutural do veneno de Odontomachus bauri e avaliação do efeito antimicrobiano frente a Staphylococcus aureus e Escherichia coli
Autores:CUNHA, A.O. (UFU - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Biela, N.F. (UFU - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Miranda, V.S. (UFU - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Santiago, F.M. (UFU - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Mieno, J.R. (UFU - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Naves, K.S.C. (UFU - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; de Brito,D.V.D. (UFU - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA)

Resumo

Ao longo das últimas décadas, venenos obtidos de invertebrados e vertebrados têm atraído considerável interesse como uma potencial fonte de substâncias bioativas, sendo capazes de desencadear reações alérgicas em humanos, além de apresentar potencial terapêutico de grande valor, em estudos como de reumatismos e artrite. Odontomachus bauri também conhecida como formiga de estalo é caracterizada pelo seu veneno liberado na picada que além de dolorosa, também provoca uma sensação intensa de ardor e reações alérgicas adversas. Identificar e caracterizar bioquímica e biologicamente a composição proteica do veneno de Odontomachus bauri, buscando verificar a presença de atividade enzimática e antimicrobiana das proteínas. Para os ensaios de caracterização enzimática foram realizados géis de poliacrilamida acrescidos de gelatina 0,2% como substrato, sendo testados diferentes pH variando de 4,0 a 10,o; temperaturas de 20 a 75 oC e estabilidade a 4oC durante 20 dias. Nos testes de sensibilidade pela técnica de difusão em ágar (CLSI,2013), amostras de Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia coli (ATCC25922) foram subcultivadas em “TrypticSoy Agar” (TSA) e incubadas a 37 º C por 24 – 48 horas. Três ou quatro colônias representativas foram semeadas em caldo “TrypticSoyBroth” (TSB) e novamente incubadas a 37 º C até a turvação correspondente ao tubo 0,5 da escala MacFarland (1 – 2 x 108 UFC/mL) e semeadas com o auxílio de “swab” estéril na superfície do ágar Mueller-Hinton. Discos de papel filtro estéreis foram acrescido do extrato bruto de O. bauri nas concentrações proteicas variando de 20 a 0,31 μg sendo estes posicionados na superfície do cultivo. Como controles positivos foram utilizados oxacilina e ampicilina, respectivamente e como controles negativos discos embebidos com água destilada estéril. As placas foram incubadas a 35ºC por 24 horas e, posteriormente os halos de inibição do crescimento foram aferidos. Quanto à caracterização bioquímica, foi observado que o extrato bruto de Odontomachus bauri apresentou pesos moleculares aparentes variando de 22 a 160 kDa, estabilidade nas temperaturas de 25 a 37oC e pH ótimo de 8,0 em tampão Tris-HCl 50 mM, NaCl 150 mM, CaCl2 10 mM, 0,002% CHAPS e EDTA 10 mM. Quanto a atividade antimicrobiana, foi observado que as proteínas do veneno de O. bauri inibiram o crescimento de Staphylococcus aureus em concentrações entre 1,25 e 10 μg, apresentando halos de 8 até 13 mm de diâmetro, demonstrando assim uma inibição de até 50% do crescimento quando comparado ao controle (oxacilina). Desse modo, conclui-se que as proteínas presentes no extrato bruto de O. bauri apresentam uma forte atividade proteolítica, sendo altamente ativas e estáveis. Quanto aos ensaios antimicrobianos, nota-se inibição apenas para Staphylococcus aureus, sugerindo estudos mais aprofundados com diversas cepas microbianas.