Resumo

A disposição final dos RSU tem se mostrado um dos grandes desafios ambientais enfrentados pelas populações de todo o planeta, e tende a agravar-se com o aumento demográfico e, consequentemente, com a demanda de consumo. Cuiabá, como a maioria dos municípios brasileiros, enfrenta sérios problemas frente à disposição dos resíduos gerados em seu território, uma vez que, deposita seus resíduos sólidos de forma inadequada, ainda que em área pré-concebida como aterro sanitário. Atualmente, este local encontra-se em estado precário, contribuindo para a contaminação do solo e das coleções hídricas da área de influência. Este trabalho propôs-se a diagnosticar a qualidade ambiental do aterro sanitário do município de Cuiabá – MT, Brasil, em termos da qualidade das águas superficiais da área de influência, através de análises físico-químicas e microbiológicas de 4 pontos; e da aplicação de índices de qualidade ambiental, com vistas a propiciar informações confiáveis que auxiliem na tomada de decisões, intervenções ou controle do empreendimento. Neste âmbito, foram utilizados dois índices: Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos (IQA) e o Índice de Qualidade de Água (IQAS). O cálculo do IQA permitiu classificar a qualidade do aterro sanitário como em Condições Inadequadas, sendo que os indicadores pertencentes aos itens Infraestrutura implantada e Condições Operacionais apresentaram percentual elevado de avaliações negativas. Perante estes resultados, constata-se que o aterro de Cuiabá, quando avaliado sob a perspectiva da NBR 13.896/1997 não se enquadrada na definição de aterro sanitário, podendo ser considerado vazadouro a céu aberto. As análises físico-químicas dos pontos identificaram indícios de contaminação dos 3 pontos mais próximos ao aterro, sugerindo que o aterro sanitário seja a principal causa desses impactos, tendo em vista, que esses pontos tem contato direto com resíduos dispersos pelo vento e chorume. Os parâmetros analisados: DQO, DBO5,20, fósforo e coliformes termotolerantes apresentaram-se superiores aos recomendados pela Resolução CONAMA 357/2005. Os valores de DQO mostraram-se em média 11 vezes superiores aos de DBO, demonstrando a tendência à baixa biodegradabilidade do meio. A classificação ruim obtida pelo IQAS evidencia a extensão dos impactos ocasionados pelo aterro. O resultado destes índices refletem diretamente a qualidade ambiental da área e de seu entorno, que evidenciam o passivo ambiental, com possíveis danos à saúde pública.