27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:769-2


Poster (Painel)
769-2AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ACIDOGÊNICO E ACIDÚRICO DE BIFIDOBACTÉRIAS
Autores:LOESCH, M.L. (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; CAIAFFA, K.S. (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; SANTOS, V.R. (UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho") ; VALDEZ, R.A. (UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho") ; COLOMBO, N.H. (UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho") ; ARTHUR, R.A. (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; DUQUE, C. (UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho")

Resumo

A família Bifidobacteriaceae é composta por sete gêneros: Bifidobacterium, Aeriscardovia, Falcivibrio, Gardnerella, Parascardovia, Scardovia e Alloscardovia, isoladas de animais ou humanos. São microrganismos anaeróbios gram-positivos, não filamentosos, em forma de bastonete, que habitam o trato gastrointestinal. O gênero Bifidobacterium ou das bifidobactérias tem recebido muita atenção, principalmente do mercado alimentício, por seu papel benéfico para a saúde humana, incluindo o aumento da resposta imune adaptativa, tratamento ou prevenção de infecções do trato respiratório e urogenital, além da prevenção de alergias e doenças atópicas na infância (Saxelin et al., 2005). Bifidobactérias estão entre os primeiros anaeróbios a colonizarem a cavidade bucal, sendo encontradas precocemente no leite materno (Abrahamsson et al., 2009) ou adicionadas a alimentos, como os iogurtes (Caglar et al., 2005, 2008). Streptococcus mutans não é a única espécie associada à lesão de cárie. Bactérias acidogênicas e acidúricas, incluindo estreptococos não mutans e Bifidobacterium têm sido detectados em lesões iniciais ou cavitadas de cárie. O objetivo deste estudo foi comparar a capacidade de produzir e tolerar ácidos de algumas bifidobactérias com espécies bacterianas comumente relacionadas com o processo da cárie dentária. Cepas padrão de Bifidobacterium lactis, Bifidobacterium longum, Bifidobacterium animalis, Lactobacillus acidophilus, Actinomyces spp., Streptococcus sobrinus e Streptococcus mutans foram reativadas em meios específicos. Foram realizados os testes de acidogenicidade, verificando o pH final das culturas após 0, 15, 30, 60, 120, 180 e 240 minutos de exposição a alta concentração de glicose (5M) e o teste de aciduricidade, verificando o crescimento bacteriano (em UFC/ml)nos tempos 0 e após 60 minutos da exposição aos pHs 7.0, 5.0 e 2.8. Os dados de acidogenicidade foram analisados estatisticamente pelo teste de ANOVA e de aciduricidade pelo teste de Wilcoxon/Kruskal-Wallis. Os resultados mostraram que as espécies B. longum, B. animalis e Actinomyces foram significantemente mais acidogênicas que S. mutans e as demais cepas avaliadas, principalmente após 120 minutos. As mesmas cepas também foram mais acidúricas, crescendo em pH extremamente ácido. Esses achados indicam outras espécies, como as bifidobactérias, podem estar relacionadas ao processo de cárie possivelmente por sua habilidade acidogênica e acidúrica em sobreviver e proliferar em ambientes ácidos de lesões de cárie.