Resumo

Nas últimas décadas, a cultura de sorgo granífero (Sorghum bicolor (L.) Moench.) apresentou significativo aumento de produtividade e área plantada no Brasil, passando a assumir um papel fundamental como alternativa energética na alimentação animal. Por outro lado, escassos são os estudos que investigam a contaminação de fungos e micotoxinas nesta cultura, principalmente no desenvolvimento dos grãos em campo, gerando uma lacuna nas informações para obtenção de grãos sadios. Frente a esta problemática, o principal objetivo deste estudo foi acompanhar a distribuição e a identificação da micobiota em grãos de sorgo em distintos estádios de sua maturação, possibilitando avaliar a presença de gêneros fúngicos potencialmente produtores de micotoxinas. Para isto, em um campo experimental instalado na região de Votuporanga - SP, foram analisadas 25 amostras de 4 estádios de maturação dos grãos, entre a floração e a colheita (15, 30, 45 e 60 dias após a floração). Para o isolamento da micobiota, foi adotada a técnica de semeadura direta com a desinfecção dos grãos, oriundos de cada amostra, em solução de hipoclorito de sódio (1%) e posterior incubação à 25 °C por 5 dias. A identificação dos fungos foi realizada utilizando métodos morfológicos clássicos. Os resultados obtidos revelaram menor contaminação fúngica no primeiro estádio de maturação, com 8,4 % dos grãos contaminados, diferentemente dos demais estádios que apresentaram 100% de contaminação dos grãos. Os gêneros mais prevalentes foram: Nigrospora (27%), Phoma (17,5%) e Curvularia (14,3%) no primeiro estádio de maturação; Phoma (53,5%), Fusarium (9,7%) e Nigrospora (6,5%) no segundo estádio; Phoma (53,5%), Curvularia (25,8%) e Fusarium (5,5%) no terceiro estádio e Phoma (72,1%), Drechslera (8,4%) e Fusarium (7,3%) no quarto estádio. Através destes resultados parciais é possível concluir que os grãos de sorgo em estádios iniciais de maturação apresentaram menor contaminação fúngica, provavelmente pela presença de compostos fenólicos na composição inicial destes grãos. Vale ressaltar, que a prevalência dos gêneros Phoma e Fusarium sinalizam a possibilidade da contaminação dos grãos por fusariotoxinas e por compostos tóxicos produzidos por Phoma spp.