Resumo

As enzimas hidrolíticas protease e fosfolipase atuam como fatores de virulência de Candida albicans. As proteases aspárticas secretadas (Saps) atuam degradando proteínas extracelulares e de membrana do hospedeiro e as fosfolipases clivam ligações do tipo éster dos glicerofosfolipídios de membrana celular. Estas enzimas hidrolíticas facilitam a destruição tecidual e estão associadas ao desenvolvimento de infecção por C. albicans. O presente estudo avaliou a ação do extrato bruto de Eugenia uniflora (pitangueira) na secreção das enzimas hidrolíticas protease e fosfolipase de C. albicans. Foram utilizados 48 cepas de C. albicans e 2 cepas de referência (ATCC 90028 e SC5314) estocadas no banco de leveduras do Laboratório de Micologia Médica e Molecular (LMMM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para a avaliação da atividade de protease foi utilizado meio sólido em placa contendo albumina como substrato para a protease. Para a avaliação secreção de fosfolipase foram utilizadas placas contendo meio sólido cujo substrato para as enzimas eram fosfolipídios presentes em emulsão de gema de ovo. O mesmos meios foram produzidos contendo 2 mg/mL de extrato bruto de E. uniflora, na constituição final do meio.Uma concentração de 2x105 células/ml foram adicionados em três pontos equidistantes na superfície das placas de ágar fosfolipase e a protease, e as placas foram incubadas à 30°C (fosfolipase) e a 37°C (protease) por 72 horas. As atividades de fosfolipase e protease (Pz) foram obtidas pela razão entre o diâmetro da colônia e o diâmetro da colônia acrescida da zona de precipitação. A secreção enzimática foi considerada de moderada para ambas as enzimas (Pz médio de 0,44±0,21 para protease e 0,54±0,18 para fosfolipase). Quando semeadas em meios sólidos contendo o extrato bruto de E. uniflora na constituição do meio, não foi observada atividade de fosfolipase nas 50 cepas testadas e apenas duas cepas apresentaram baixa produção enzimática para a protease (Pz médio de 0,99±0,03). De fato, a secreção de enzimas hidrolíticas é um fator primordial para a manutenção das cepas de C. albicans como colonizantes, assim como no estabelecimento de infecções. Desta forma, agindo promovendo a inibição da secreção destas enzimas, o extrato bruto de E. uniflora pode ser utilizado como alternativa terapêutica no tratamento das infecções por Candida.