Resumo

Alguns microrganismos têm evoluído e são capazes de adaptar-se rapidamente a um ambiente em constante mudança, desenvolvendo assim, tolerância ou resistência ao aumento de determinados estresses. O uso de compostos bioativos oriundos da flora nativa tem sido apontado como uma possível solução para os problemas de controle da resistência e proliferação bacteriana. Este trabalho visou verificar a adaptação e adaptação cruzada de L. monocytogenes, frente aos compostos fenólicos eugenol e carvacrol. A concentração mínima inibitória (CMI) dos compostos fenólicos foi determinada pela técnica de microdiluição em placas de 96 cavidades, em caldo TSB + 0,5% de Tween 80. As concentrações finais (%) obtidas foram: 0,06; 0,12; 0,24; 0,49; 0,98; 1,95; 3,9; 6,25; 12,5; 25; 50. Suspensão bacteriana (10µL) padronizada foi inoculada nas cavidades das placas, e incubadas a 37ºC por 24 horas com posterior leitura da absorbância a 620 nm e determinação da CMI. A adaptação das células de L. monocytogenes ao eugenol e carvacrol foi realizada a partir de cultura padronizada com 24 horas de incubação a 37°C em TSB. Foi transferido 1 mL para 200 mL de TSB + 0,06% de eugenol ou carvacrol e reincubado à 37°C por 2 horas. A cultura foi centrifugada a 5000X g por 10 minutos e ressuspendida em TSB. Após, realizou-se a microdiluição de 100 µL de eugenol ou carvacrol 50% em 100 µL, resultando nas concentrações 0,06; 0,12; 0,24; 0,49; 0,98; 1,95; 3,9; 6,25; 12,5; 25; 50. Após, 10 µL da suspensão bacteriana padronizada, cultivada a 0,06% por 2 horas, foi inoculada nas cavidades, e incubadas a 37ºC por 24 horas. Após, realizou-se a leitura da absorbância a 620 nm. Os resultados obtidos demonstraram que L. monocytogenes apresentou adaptação e adaptação cruzada frente ao carvacrol e eugenol. As cepas de L. monocytogenes apresentaram-se sensíveis ao eugenol e carvacrol a partir da concentração de 0,24%. A pré-incubação de L. monocytogenes em presença de 0,06% de carvacrol ou 0,06% de eugenol, aumentou a resistência da bactéria às condições letais dos antimicrobianos. A pré-exposição de L. monocytogenes ao carvacrol promoveu uma adaptação a ele aumentando a CMI de 0,24% para 12,5%. A MIC do eugenol passou de 0,24% para 25%. A pré-exposição da cultura de L. monocytogenes ao eugenol promoveu a adaptação das células aumentando sua resistência tanto ao carvacrol quanto ao eugenol, sendo a CMI de 12,5%. Os resultados obtidos demonstraram que L. monocytogenes apresentou adaptação e adaptação cruzada frente ao carvacrol e eugenol. O presente trabalho sugere estudos futuros ainda mais abrangentes quanto à potencialidade antimicrobiana destes compostos.