Resumo

Das diversas espécies de Candida, Candida albicans é a mais frequentemente isolada de infecções superficiais e invasivas em humanos. O comportamento patogênico da C. albicans é atribuído a fatores de virulência e a expressão desses fatores depende da capacidade que a levedura possui de modular a expressão dos genes de virulência, possibilitando a adaptação a mudanças ambientais e invasão do hospedeiro. Para o entendimento das evoluções genéticas e da dinâmica entre o genoma e a virulência do agente infeccioso, métodos de tipagem molecular têm sido utilizados. Dentre estes métodos, a cariotipagem eletroforética que permite a separação de moléculas de DNA de tamanho entre 10 kb e 10 Mb, podendo-se também, gerar perfis cromossômicos de isolados de uma mesma espécie, agrupando-os em altamente similares, moderadamente relacionados e completamente não relacionados. O objetivo desse estudo foi determinar o cariótipo eletroforético de isolados de Candida albicans e compará-los quanto aos níveis de secreção de proteinase. De 94 amostras de swab vaginal, obtidas de mulheres em trabalho de parto admitidas na Urgência da Maternidade Escola Januário Cicco (RN), foram isoladas e identificadas 14 C. albicans. Os isolados foram submetidos à cariotipagem eletroforética através da eletroforese de campo pulsátil e avaliadas quanto à secreção de proteinase em meio indutor contendo soro de albumina bovina. Foram encontrados dois perfis eletroforéticos distintos, com seis e sete cromossomos, havendo variação de tamanho entre 1020 e 2200 kb. O padrão de mobilidade destes cromossomos no gel, quando comparados aos padrões descritos na literatura, permitiram inferir que todos os isolados testados possuem padrão semelhante ao cariótipo c, exceto para um isolado que foi semelhante ao cariótipo b. Quando avaliados para a secreção de proteinase, 10 isolados do cariótipo c (10/13) apresentaram positividade para a pesquisa da enzima, enquanto um do cariótipo b (1/1) apresentou atividade negativa, revelando uma maior predisposição à virulência pelo cariótipo c. Dessa forma, a análise de isolados clínicos por cariotipagem eletroforética permite, a avaliação de microevoluções e de relações genéticas entre isolados, possibilitando a correlação dessas análises com os potenciais de virulência de cada isolado.