Resumo

Candida parapsilosis é uma das leveduras comensais presentes na flora normal do homem. Nas últimas três décadas, sua incidência como patógeno levou a ser uma das maiores causas de infecções fúngicas hematogênicas na Europa, Canadá e América Latina, acometendo principalmente pacientes imunocomprometidos e neonatos. Por apresentar grandes diferenças moleculares intra-espécie, houve recentemente uma mudança na nomenclatura, sendo criadas as espécies C. metapsilosis, C. orthopsilosis e C. parapsilosis stricto sensu. Entre os diversos fatores de virulência de C. parapsilosis, incluem-se a aderência ao tecido hospedeiro, mudanças morfológicas, formação de biofilme e secreção de enzimas hidrolíticas, dentre as quais a produção de aspártico-proteases secretada (Saps) apresenta significativa importância. O entendimento dos mecanismos pelos quais a ação do fungo invade o tecido hospedeiro e a participação das Saps nesse processo tornou-se fundamental para a pesquisa de novas abordagens terapêuticas. O presente estudo avaliou a adesão a vidro, a plástico e a formação de biofilme em 14 amostras clínicas pertencentes ao complexo Candida parapsilosis, além de analisar o efeito dos inibidores de aspártico-protease do HIV sobre o crescimento e a adesão a substratos abióticos. Nossos resultados demonstraram que todos os isolados clínicos estudados são capazes de aderir tanto em plástico quanto em vidro e que podem se diferenciar em pseudohifas nesses substratos. Todas as cepas formaram biofilmes com biomassas e quantidade de células metabolicamente ativas semelhantes. Foi constatado que os inibidores de protease do HIV têm capacidade de inibir o crescimento de cepas ATCC do complexo em meio sólido de forma discreta em relação a Anfotericina B. Os inibidores de protease do HIV conseguem reduzir a capacidade de adesão em plástico e em vidro das cepas de C.parapsilosis em substratos abióticos, sendo a espécie C.metapsilosis a mais afetada. Financiamento: CNPq, FAPERJ & CAPES.