Resumo

Os insetos sociais, particularmente as formigas, vivem adaptados ao ambiente urbano. Estes artrópodes podem facilmente ser encontrados em ambientes hospitalares, devido à proximidade a residências, armazenamento impróprio de medicamentos e embalagens, circulação de grande número de pessoas, além da presença de alimentos. As formigas nestes ambientes podem possivelmente atuar como transmissores de microrganismos patogênicos e assim causar sérios problemas associados a infecções hospitalares. Nesse contexto, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar a contaminação bacteriana em formigas capturadas em diferentes ambientes de um hospital público de grande porte em Maceió, Alagoas. Para captura das formigas, foram utilizadas 160 iscas compostas por mel industrializado e autoclavado, distribuídas no centro cirúrgico, UTI geral e UTI neonatal. As formigas capturadas foram identificadas e posteriormente colocadas em caldo BHI, sendo incubadas a 37ºC por 24 a 48 horas. Alíquotas desses meios de cultura foram inoculadas em Ágar sangue e Ágar EMB, sendo posteriormente incubadas a 37ºC, por 24 a 48 horas. As colônias bacterianas obtidas foram identificadas através de provas bioquímicas. As formigas capturadas foram confirmadas como pertencentes às espécies: Tapinoma melanocephalum, Crematogaster spp e Paratrechina longicornis. Entre essas espécies encontradas, a mais frequente foi a Tapinoma melanocephalum, atingindo 70% das formigas coletadas. O centro cirúrgico foi o local em que mais se capturou estes insetos, sendo observada neste local, a presença de todas as espécies de formigas encontradas. A partir desses insetos coletados, foram isoladas 10 espécies diferentes de bactérias, sendo que Staphylococcus aureus e Klebsiella pneumoniae foram as mais isoladas, representando respectivamente 37,3% e 23,3% das bactérias encontradas. Resultados semelhantes foram obtidos em diversas pesquisas realizadas em outros hospitais brasileiros, comprovando a capacidade desses insetos de agirem como potenciais vetores mecânicos de microrganismos. Os resultados obtidos sugerem que as formigas representam um risco à saúde, por serem possíveis transmissoras de patógenos reconhecidamente causadores de infecções hospitalares. Esta possibilidade deve alertar a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar para uma melhor higienização do ambiente hospitalar, bem como a implantação urgente de um sistema de monitoramento e eliminação de vetores mais efetivo.