27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:674-2


Poster (Painel)
674-2Agentes causais de mucormicose: suscetibilidade frente a antifúngicos e correlação com identificação molecular
Autores:Silva-Fonseca, AC (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Reichert- Lima, F (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Busso-Lopes AF (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Muraosa,Y (MMRC - Medical Mycology Research Center) ; Kamei,K (MMRC - Medical Mycology Research Center) ; Lyra, L (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Moretti, ML (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Schreiber, AZ (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo

Mucormicoses são infecções agressivas, de difícil tratamento, que ocorrem principalmente em pacientes diabéticos, neutropênicos ou em uso de corticosteróides, caracterizadas por diversas manifestações (rinocerebral, pulmonar ou disseminada) causadas por fungos da classe dos Zygomycetes. Membros dos gêneros Rhizopus, Mucor,Absidia e Rhizomucor, são as Mucorales mais isolados de pacientes. A terapia inclui a reversão dos fatores predisponentes, retirada cirúrgica da área infectada e administração de antifúngico, em geral, Anfotericina B, de atividade terapêutica limitada e muitos efeitos colaterais. Este trabalho teve como objetivo a avaliação de zigomicetos com identificação confirmada por técnicas moleculares, na tentativa de detectar alguma característica de suscetibilidade que relaciona a gênero e/ou espécie. Foram avaliados 10 isolados: Cunninghamella bertholletiae LIF 299, 300 e 301, Rhizopus oryzae LIF 1046, 1143, 1237, 1455 e 1832, Rhizopus stolonifer LIF 1820 e Syncephalastrum racemosum LIF 1834, isolados de espécimes clínicos de pacientes atendidos no HC- UNICAMP - Campinas-SP e identificados no Medical Mycology Research Center – Chiba - Japão. A suscetibilidade frente a micafungina (MCF), anfotericina B (AMB), 5-fluorocitosina (5FC), fluconazol (FCZ), itraconazol (ITZ), voriconazol (VOR) e miconazol (MCZ) foi avaliada por microdiluição em caldo (CLSI M38-A2). De modo geral, as concentrações inibitórias mínimas (CIM) obtidas foram: de 8 a ≥16 μg⁄mL para MCF, 0,25 a 8 μg⁄mL para AMB, ≥64 μg⁄mL para 5FC, 16 a ≥ 64 μg⁄mL para FCZ, 1,0 a 8 μg⁄mL para ITZ, > 8 μg⁄mL para VOR e 0,25 a 4 μg⁄mL para MCZ. Os resultados dos testes de suscetibilidade mostraram que todos os isolados foram altamente resistentes a MCF, 5FC e FCZ. Sendo os antifúngicos mais ativos contra a maioria das cepas, AMB e ITZ. Os isolados do gênero Rhizopus sp apresentaram as CIMs mais altas frente a ITZ. Por sua vez, os isolados de Cunninghamella bertholletiae foram mais resistentes a AMB. A literatura relata diferenças nos perfis de suscetibilidade in vitro para diferentes gêneros e espécies de Mucorales. A baixa freqüência do isolamento destes micro-organismos nesta instituição pode apenas indicar diferenças nas características de suscetibilidade de cada espécie. No entanto, foi suficiente para reafirmar a necessidade de identificação adequada dos agentes causais, associada à realização de testes de suscetibilidade a antifúngicos para orientação terapêutica.