27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:666-1


Poster (Painel)
666-1Avaliação da capacidade de cepa de bactéria ácido-lática seca por atomização e liofilização em remover a aflatoxina B1 de um meio contaminado.
Autores:BOVO, F. (USP - Universidade de São Paulo) ; FRANCO, L.T. (USP - Universidade de São Paulo) ; ROSIM, R.E. (USP - Universidade de São Paulo) ; OLIVEIRA, C.A.F. (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo

A aflatoxina B1 (AFB1), a mais prevalente e tóxica de todas as aflatoxinas, pode causar efeitos carcinogênicos, mutagênicos e imunosupressivos em seres humanos e animais. O uso de microrganismos para o controle ou eliminação de aflatoxinas em alimentos tem sido uma alternativa bastante atrativa, sendo que as bactérias ácido-láticas têm demonstrado grande capacidade de remoção da AFB1. Assim, o objetivo do presente trabalho foi determinar a eficiência de Lactobacillus rhamnosus HOWARU® (LRH), na forma inviabilizada e seca, em remover a AFB1 de um meio contaminado. LRH foi produzida em caldo MRS a 37oC por 24 horas e autoclavada (121oC, 15 minutos) para inviabilização das células, sendo posteriormente seca por atomização ou liofilização. A avaliação da capacidade de adsorção da AFB1 (1 µg/mL) em solução tampão (pH 3,0 ou 6,0, temperatura ambiente e tempo de contato de 60 minutos) pela LRH inviabilizada em caldo MRS, LRH atomizada ou LRH liofilizada foi determinada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, sendo o número de células padronizado em 1 x 1010 UFC para todas as análises. A capacidade de remoção da AFB1 pela LRH em caldo MRS, LRH atomizada e LRH liofilizada em pH 3,0 e 6,0 foi de 46,0% e 35,8%, 0% e 2,6%, e 36,6% e 27,2%, respectivamente. Em ambos os pHs, não houve diferenças significativas entre LRH em caldo MRS e LRH liofilizada, somente para LRH atomizada. Observa-se que LRH atomizada perdeu completamente a capacidade de remover a AFB1, pois o uso de elevada temperatura durante a atomização pode ter causado danos severos na parede celular bacteriana, a qual é responsável pela união de natureza física com a micotoxina através de polissacarídeos e peptidoglicanos. Já a secagem por liofilização foi capaz de manter a estrutura da parede celular, conservando sua capacidade de adsorção da AFB1. Portanto, conclui-se que a LRH seca manteve sua capacidade de remover a AFB1 apenas quando sua parede celular estava intacta e que o uso de altas temperaturas durante a secagem é prejudicial à sua manutenção estrutural. Ainda, a utilização de bactérias ácido-láticas, na forma inviabilizada e seca, é uma alternativa viável para descontaminação de AFB1 em produtos alimentícios, incluindo os não-fermentados e outros susceptíveis à contaminação por aflatoxinas, reduzindo, assim, seus efeitos tóxicos.