27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:656-2


Poster (Painel)
656-2Efeito de íons e agente quelante sobre atividade celulolítica de extratos enzimáticos produzidos por fungos em cultivo sólido
Autores:Casciatori, P.A. (IBILCE - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas) ; Casciatori, F.P (IBILCE - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas) ; Machado, R.C (IBILCE - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas) ; Thoméo, J.C (IBILCE - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas) ; Silva, R. (IBILCE - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas)

Resumo

As enzimas celulolíticas têm despertado interesse dos pesquisadores que visam sua aplicação na hidrólise de biomassa lignocelulósica para produção de bioetanol. Altas concentrações dessas enzimas podem ser produzidas por fungos em cultivo no estado sólido, com destaque para fungos termofílicos. No entanto, quando da aplicação industrial, as celulases podem ter sua atividade afetada por íons possivelmente presentes dissolvidos na água de processo ou na construção dos equipamentos de produção. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de interferentes sobre a atividade celulolítica dos extratos enzimáticos produzidos pelos fungos mesofílico Trichoderma reesei e termofílico Thermoascus aurantiacus quando cultivados em bagaço de cana e farelo de trigo. A avaliação foi baseada na atividade endoglucanase (CMCase), enzima do complexo que ataca a porção amorfa da celulase, atuando como iniciadora da hidrólise. As atividades CMCase foram analisadas em triplicata pelo método DNS tendo CMC 1% como substrato e adicionando-se 10 μL de soluções 1,0 mmol L-1 de Zn2+, Mg2+, Mn2+, Cu2+, Fe3+, Al3+, Ag1+ e EDTA aos extratos enzimáticos. Análises estatísticas de comparação de médias foram feitas com auxílio do pacote Minitab® 15.1. O extrato enzimático produzido pelo fungo T. reesei foi afetado negativamente pela maioria dos íons testados e pelo EDTA, tendo-se destacado o Zn+2, que diminuiu drasticamente a atividade CMCase deste extrato, e o íon Fe3+, que por sua vez teve forte efeito de ativação, aumentando a atividade CMCase do extrato em cerca de 50%, possivelmente por ter facilitado a ligação do substrato ao centro catalítico. O extrato enzimático produzido pelo fungo termofílico T. aurantiacus sofreu menor efeito dos interferentes em comparação com o produzido pelo mesofílico, o que indica que suas enzimas são mais estáveis e adequadas à aplicação industrial. O íon Mn2+ teve maior efeito inibidor sobre este extrato, juntamente com o EDTA, que além de poder ter complexado partes do sítio ativo da enzima, pode também ter alterado o pH do meio, desviando-o do ponto ótimo. Diante do exposto, convém avaliar a necessidade de tratar a água empregada na etapa de hidrólise enzimática, bem como escolher adequadamente os equipamentos, visando minimizar o efeito de inibidores como metais e agentes quelantes e maximizar a capacidade hidrolítica das enzimas.