Resumo

O aumento da resistência aos antimicrobianos faz com que haja uma procura por novas e eficientes moléculas capazes de controlar o crescimento de microrganismos patogênicos. Nesse sentido, a produção de micocinas por diversas espécies de leveduras pode se tornar uma alternativa para esse problema. Essas glicoproteínas ou glicolipídios inibem o crescimento de outros organismos, inclusive células sensíveis da espécie produtora, um fenômeno conhecido como efeito killer. Existem diversos gêneros de leveduras que produzem micocinas, sendo o gênero Trichosporon um deles. O objetivo deste trabalho foi avaliar os parâmetros de fermentação do T. asahii e a capacidade antimicrobiana do extrato produzido pelo fungo. O extrato foi obtido em fermentador de bancada 7L durante 72 h e 28°C. Ao longo da fermentação foram retiradas amostras para realização de quantificação celular através de contagem direta, biomassa seca e absorbância total, teste de viabilidade e brotamento, e quantificação de açúcares redutores (DNS). O extrato produzido foi centrifugado e testado contra Pseudomonas aeruginosa e Xanthomonas campestris. Esse extrato foi parcialmente purificado através de extração com solventes (hexano seguido de diclorometano), sendo passado por fim por uma cromatografia de troca-iônica através de resina catiônica (Amberlite). O teste de sensibilidade foi realizado por macrodiluição em tubos e plaqueamento. Foi observado um padrão semelhante de crescimento celular, com uma fase log nas primeiras 24 h. A viabilidade decresceu o longo do cultivo, com um brotamento elevado até as primeiras 12 h. A quantidade de açúcares redutores diminuiu até o final da fase log, mantendo-se estável após 24 h. As bactérias demonstraram suscetibilidade ao extrato bruto. Com a extração com solventes foi possível uma pré-purificação do extrato, e houve uma maior purificação do extrato diclorometano com a troca-iônica, sendo a primeira fração coletada aquela que apresentou menores Concentrações Bactericidas Mínimas (CBMs diminuíram de 33 para 15 mg/mL contra P. aeruginosa ATCC 27853, de 30 para 12 mg/mL contra P. aeruginosa ATCC 9027 e de 75 para 55 mg/mL contra X. campestris). O estudo demonstrou a existência de um composto antimicrobiano produzido por T. asahii, embora seja necessária uma caracterização química da molécula para saber se é ou não uma micocina.