Resumo

Os antimicrobianos têm sido administrados em animais para prevenir ou tratar doenças infecciosas e, também, como aditivos, visando melhorar o desempenho zootécnico de animais de produção. O uso dessas substâncias tem causado grande preocupação na área da saúde, considerando-se os riscos de resíduos nos produtos derivados dos animais e de desenvolvimento de resistência bacteriana. A emergência desta resistência associada a animais produtores de alimentos tem levado a comunidade científica e profissionais de saúde a reavaliarem os critérios que permitem o uso de antimicrobianos na agricultura e na produção de alimentos de origem animal. Esta pesquisa objetivou avaliar a ocorrência de contaminantes entéricos em 150 carcaças de frango de 15 abatedouros de Minas Gerais, bem como avaliar o perfil de resistência antimicrobiana destes contaminantes. Foram isolados 86 contaminantes por meio de análises morfológicas e testes bioquímicos para identificação de Enterobacteriaceae (Gram, oxidase, catalase, citrato, fermentação da lactose e de açúcares, indol, urease, LIA, motilidade, vermelho de metila e Voges-Proskauer). Após esta triagem, foram selecionados 26 diferentes microrganismos, que foram encaminhados para identificação molecular e para avaliação da resistência antimicrobiana. Após a identificação molecular, observou-se que se tratavam de 7 diferentes espécies, 50% identificados como Proteus mirabilis, 27% Escherichia coli, 7,7% Klebsiella pneumoniae. As demais espécies identificadas foram Escherichia fergusonii, Enterobacter asburiae, Shigella sonnei e Vibrio sp., com um isolado de cada (3,9%). Foi realizado o antibiograma pelo teste de difusão em disco, testando-se 18 diferentes bases farmacológicas e observou-se que todas cepas avaliadas foram resistentes ao Ácido Nalidíxico e à Vancomicina, 92,3% foram resistentes à Sulfametoxazol+trimetoprim e 88,5% foram resistentes à Tetraciclina. Em relação aos antibióticos que se apresentaram mais efetivos, observou-se que o Aztreonam foi o que apresentou maior sensibilidade (96,2%) seguido pela Cefepime e Cloranfenicol, ambos com 80,8% de contaminantes sensíveis. Os dados obtidos mostram a necessidade de se estabelecer um protocolo de medidas de prevenção e controle dos contaminantes entéricos nas carcaças de frango, bem como alertar as autoridades de saúde quanto ao uso indiscriminado de antibióticos, que pode comprometer a eficácia das drogas no tratamento de infecções bacterianas em humanos e animais.