Resumo

A Mata Atlântica é conhecida por sua biodiversidade, e nesse conjunto diversificado de ecossistemas podem ser encontrados microrganismos produtores de polihidroxialcanoatos (PHAs) – polímeros com propriedades plásticas semelhantes aos que são provenientes do petróleo. Tendo em vista esse potencial, o presente trabalho objetivou registrar o perfil bioquímico de bactérias presentes em solo de Mata Atlântica, sem atividade antrópica, capazes de sintetizar PHAs a partir de glicose. Para isso, amostras de solo diluídas em água estéril foram inoculadas em Ágar Nutriente e após 24h de incubação, procedeu-se o isolamento dos microrganismos. Para cada uma das bactérias obtidas foram realizadas a caracterização morfológica da colônia e as colorações: Preto de Sudão, Gram, Verde Malaquita e Ziehl-Nelsen. A caracterização do metabolismo das bactérias isoladas ocorreu pelos testes de oxidase, catalase, fermentação de glicose, Voges Proskauer (VP), Vermelho de Metila (VM), utilização de citrato e degradações de ureia e gelatina. A maioria dos isolados (dezessete) são gram-positivos sensíveis à descoloração por ácido-álcool, não formadores de esporos e produtores de ácido a partir de glicose durante a fermentação desse carboidrato. Todas as dezenove bactérias isoladas possuem citocromo c, capacidade de decompor o peróxido de hidrogênio e produzem grânulos de PHA quando há apenas glicose como fonte de carbono. O teste VP evidenciou a produção de butanodiol em doze isolados, ao passo que o teste VM mostrou que dezessete bactérias possuem metabolismo misto. A partir dos resultados, identificaram-se alguns dos isolados como pertencentes aos gêneros Vibrio, Aeromonas e Staphylococcus. Os isolados 3MA2D, 3MA5D, 4MA1D e 5MA3D mostraram ser os mais promissores para aplicações biotecnológicas, uma vez que conseguem sobreviver em ambiente anaeróbio, utilizam glicose e citrato como fontes de carbono, degradam ureia e gelatina e são capazes de produzir PHAs em condições limitantes de nitrogênio.