27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:551-2


Poster (Painel)
551-2IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR, DETERMINAÇÃO DO PERFIL DE RESISTÊNCIA E DO POLIMORFISMO GENÉTICO DE ESPÉCIES DO COMPLEXO BURKHOLDERIA CEPACIA ISOLADAS DE PACIENTES COM FIBROSE CÍSTICA NO RIO DE JANEIRO
Autores:Neto, O.C.C. (DMIP/UERJ - Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia) ; Lima, D.F. (DMIP/UERJ - Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia) ; Barandas, G.M. (DMIP/UERJ - Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia) ; Jones, M.C.M.F. (DMIP/UERJ - Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia) ; Albano, R. M. (IBRAG/UERJ - Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes) ; Carvalho-Assef, A. P. D. (LAPIH/IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar) ; Marques, E.A. (DMIP/UERJ - Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia)

Resumo

O Complexo Burkholderia cepacia (CBc) é um grupo de 17 espécies intimamente relacionadas que estão associadas à deterioração pulmonar e aumento da mortalidade em pacientes com Fibrose Cística. Essas espécies variam entre si em relação à prevalência, quadros clínicos e virulência. Pouco é conhecido quanto ao perfil de resistência aos antimicrobianos. Uma vez estabelecida a infecção, a abordagem terapêutica e as medidas de controle atualmente adotadas são baseadas no CBc, sem considerar cada espécie em particular. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência das espécies do CBc em pacientes atendidos em dois centros de referência no Rio de Janeiro, estabelecer perfis de resistência a antimicrobianos e avaliar a diversidade molecular entre as espécies. Foram avaliadas 48 amostras de 36 pacientes, sendo considerada apenas uma amostra de cada espécie do CBc por paciente. A identificação das espécies foi realizada pelo sequenciamento do gene recA; a Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi determinada por microdiluição para amicacina (AMI), aztreonam (ATM), ceftazidima (CAZ), sufametoxazol/trimetoprim (SUT) e tobramicina (TOB) e a tipagem foi realizada por PFGE. B. vietnamiensis foi a espécie mais prevalente (44%), seguida de B. cenocepacia IIIA (35%), B. multivorans (11%), B. contaminans (6%), B. cenocepacia IIIB (2%) e B. stabilis (2%). B. cenocepacia IIIA apresentou as mais altas taxas de resistência: 88% para AMI, 70,6% para ATM e 60% para CAZ. Para SUT, o principal antimicrobiano utilizado nas infecções pelo CBc, a taxa de resistência foi de 65% e para TOB, de frequente uso inalatório, 94% foram resistentes. Amostras com perfis MDR ocorreram principalmente em B. cenocepacia IIIA, onde 58,8% foram resistentes a todos os antimicrobianos testados (perfil A). A análise do polimorfismo genético evidenciou nove grupos clonais para B. vietnamiensis, sugerindo a aquisição a partir de uma fonte ambiental comum. Para B. cenocepacia IIIA, 52,9% das amostras foram atribuídas a um mesmo grupo clonal, compartilhado entre nove pacientes atendidos em um mesmo centro de referência. Os dados mostram que o perfil de resistência aos antimicrobianos foi variável entre as espécies; que B. cenocepacia IIIA destacou-se por apresentar índices de resistência superiores e foi associada à transmissão cruzada entre os indivíduos em relação a outras espécies e, assim, apontam para a necessidade do estabelecimento de medidas de vigilância para o CBc nos centros de referência.