Resumo

O uso indiscriminado de antibióticos favoreceu o surgimento de cepas multi-drogas resistente (MDR) reduzindo a possibilidade de tratamento das infecções, afetando o curso das doenças e aumentando o risco de complicações. As bactérias podem manifestar resistência aos agentes antimicrobianos através de uma variedade de mecanismos. O mais comum, em Enterobacteriaceae é a produção de betalactamases. Destacam-se as Betalactamases de Espectro Estendido (ESBL) que são enzimas plasmidiais capazes de hidrolisar cefalosporinas de terceira e quarta geração e monobactâmicos, geralmente inibidas pelo ácido clavulânico. Esse estudo avaliou em amostras de urina (n=20), corrente sanguínea (n=4), secreção traqueal (n=3) e feridas (n=4) provenientes do Hospital Universitário Polydoro Ernani de San Thiago a prevalência de Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Enterobacter sp. produtoras de ESBL. A triagem fenotípica foi realizada pelo teste de disco aproximação e a caracterização genotípica por PCR multiplex para os genes blaTEM, blaCTX-M e blaSHV. No teste fenotípico avaliado, os antibióticos Cefotaxima, Ceftriaxona e Aztreonam foram os melhores substratos para detecção fenotípica de ESBL, apresentando distorção do halo de inibição ou “zona fantasma” em 80,6 – 90,3% das amostras. A Ceftazidima foi o substrato menos sensível, com positividade em apenas 54,8% das amostras. A prevalência dos genes para ESBL do tipo TEM e SHV foram 87,5% e 62,5% respectivamente, enquanto a prevalência do tipo CTX-M1, CTX-M2 e CTX-M9 foi de 40,6%, 18,75% e 18,75% respectivamente. Estes dados contrapõem estudos que dizem que na década de 1990, as ESBLs dos tipos TEM e SHV foram as mais prevalentes, e na última década ocorreu uma disseminação de ESBLs tipo CTX-M no mundo. Chama atenção ainda a grande quantidade de amostras produtoras de mais de uma ESBL, 32,25% produzia dois tipos de ESBL, 29% produziam três tipos e 12,9% quatro. A disseminação inter e intra-hospitalar destas enzimas tem-se tornado um grande problema de saúde e identificar rapidamente os organismos carreadores desses genes pode ser a melhor maneira de minimizar o sofrimento e os prejuízos associados às infecções causadas por cepas multirresistentes. Por isso, a compreensão da epidemiologia local é de suma importância, pois fornece subsídios aos programas de prevenção e controle de IrAS (Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde), sobretudo no que se refere às condutas terapêuticas e a racionalização do uso de antimicrobianos.