Resumo

Introdução: O reconhecimento da magnitude, etiologia e perfil de resistência dos agentes envolvidos em Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) é essencial para a implementação de políticas eficazes de prevenção e controle. Objetivos: Avaliar os indicadores epidemiológicos de IRAS considerando sua distribuição por clínicas, as frequências dos principais agentes etiológicos e fenótipos de resistência em dois hospitais universitários brasileiros: A (Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia) com 530 leitos e o B (Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro) com 283 leitos. Material e métodos: Foi realizado inquérito de prevalência segundo os critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e vigilância laboratorial dos agentes etiológicos, considerando-se como multirresistentes as amostras resistentes a três ou mais classes de antibióticos. A identificação e a avaliação da susceptibilidade aos antibióticos “in vitro” foram realizadas pelo Vitek®2. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Uberlândia. Resultados: As taxas de pacientes infectados e de infecções hospitalares foram altas (25,1% e 36,8% em A e 18,2% e 22,0% em B, respectivamente), mas sem diferenças significativas inclusive quando da análise entre unidades críticas (48,2% - A e 44,2% - B) e não críticas (51,8% - A e 34,5% - B). Os critérios microbiológicos foram observados em mais da metade (54,4%) dos episódios de IRAS em A ao contrário de B (34,2%). No total, os principais microrganismos detectados foram: Staphylococcus coagulase negativa (20,5%), S. aureus (17,8%), P. aeruginosa (17,8%) e K. pneumoniae (17,8%). As frequências de bactérias multirresistentes nas duas instituições também foram semelhantes, quando da comparação entre unidades críticas e não críticas, salientando-se a maior proporção de S. aureus resistente a oxacilina e P. aeruginosa resistente a imipenem, respectivamente, nas unidades críticas e não críticas no hospital A. A participação de infecções fúngicas foi inferior a 10,0%. Conclusões: Os indicadores epidemiológicos de IRAS foram altos nas duas instituições, com maior frequência da utilização de critérios microbiológicos para o diagnóstico no hospital A, observando-se predomínio de infecções por bactérias gram-negativas (55,3%) e a presença importante de bactérias multirresistentes, distribuídas nos dois hospitais de maneira semelhante nas unidades críticas e não críticas. Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico