27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:527-2


Poster (Painel)
527-2Isolamento da bactéria Serratia ficaria a partir de Euchistos heros (Fabricius, 1798), Hemiptera: Pentatomidae coletados em campo.
Autores:Schünemann, R. (UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos) ; Fiuza, L.M. (UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos)

Resumo

A bactéria anaeróbica gram-negativa Serratia ficaria foi descrita pela primeira vez em 1979. Envolvida do ecossistema da figueira com registros na região em torno do Mediterrâneo bem como nos Estados Unidos (Califórnia, Louisiana, Hawaii). Suas colônias não produzem pigmentação e apresentam material viscoso que desliza do local onde a colônia é formada. A bactéria também foi obtida a partir de amostras humanas e de escarro descrito como patógeno oportunista que se instala no trato intestinal podendo ocasionar infecções graves, como septicemia, empiema na vesícula biliar em pacientes imunocomprometidos. A bactéria também já foi descrita como degradadora de ácido tânico com atividade extracelular para síntese de tanase. A tanase associada à célula de S. ficaria pode ser industrialmente importante devido a sua atividade em elevado pH e temperatura. Neste trabalho cinco insetos adultos de Euchistus heros, mais conhecido como percevejo marrom, foram coletados aleatoriamente em campo na região do alto Uruguai- RS em lavouras de soja em final de março de 2013. Em laboratório os insetos foram macerados com 2 ml de solução salina NaCl 10 %. Diluições filtradas de concentração de 10-3 da suspensão foram cultivadas sobre meio sólido de ágar sabouraud em estufa de 36 °C por 48 h. Uma alça da colônia foi suspensa em 5 ml de água estéril e cultivada no sistema comercial API 20E (Biomerieux) conforme recomendações do fabricante. O resultado, com 96 % de probabilidade indicou ser S. Ficaria. Não existem relatos do isolamento de cepas desta bactéria em insetos da ordem hemíptera. Os percevejos são considerados de importância econômica como vetores de patógenos de plantas. Insetos picadores-sugadores tem grande capacidade de transmitir doenças para plantas devido ao modo de alimentação e ao tecido alvo. Embora exista uma grande diversidade de micoorganismos nos ecossistemas da soja, o isolamento de S. ficaria pode apenas indicar sua presença como bactéria oportunista e ainda ser uma cepa sem potencial patógeno considerando que não existem registros de casos clínicos ocasionados pela bactéria na região. Estudos da ecologia e suas atividades nestes ecossistemas podem ajudar a compreender sua dispersão e seu potencial biotecnológico.