27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:491-2


Poster (Painel)
491-2Saccharomyces cerevisiae UFMG A-905 DIMINUI A INFLAMAÇÃO DA MUCOSA INTESTINAL E A PERDA DE PESO DE ANIMAIS COM MUCOSITE INDUZIDA POR IRINOTECANO.
Autores:Bastos, R.W. (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Pedroso, S.H.S.P (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; França. C.S. (PUC MINAS - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) ; Ribeiro, N.S. (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Cartelle, C.T. (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Arantes, R.M.E (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Vieira, A.T. (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Nicoli, J.R. (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Martins, F.S. (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)

Resumo

Mucosite é um dos principais efeitos colaterais do tratamento contra o câncer. Ela se caracteriza por perda da integridade da barreira intestinal e por uma inflamação, ocasionando diversos sinais e sintomas que debilitam ainda mais o paciente com câncer. Sua fisiopatologia ainda não está totalmente elucidada, contudo, estudos mostram que a microbiota indígena está relacionada com a patogênese da doença. Animais com mucosite induzida por irinotecano e por 5-fluorouracil tem um aumento na concentração intestinal de enterobactérias (disbiose), o que pode estar relacionado com o desenvolvimento dessa agressão. Mesmo sendo tão grave, não há tratamento efetivo para mucosite. Uma vez que a microbiota indígena desempenha um papel no desenvolvimento de mucosite, é plausível aferir que a terapia probiótica poderia ser efetiva contra essa agressão, e estudos vêm confirmando isso. O objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial probiótico de Saccharomyces cerevisiae UFMG A-905 (Sc905), uma levedura com características probióticas caracterizada por nosso grupo, em modelo murino de mucosite induzida por irinotecano. Camundongos Swiss de 6-8 semanas receberam, por via intraperitoneal, 75 mg/kg do quimioterápico ou de salina (controles) nos dias 0, 1 e 2, e foram acompanhados até o dia 5. Como tratamento, os animais receberam 1x108 UFC/mL de Sc905 ou salina por gavagem durante todos os dias. Os animais foram pesados no primeiro e no último dia e eutanasiados para a coleta do jejuno para análise histológica. O tratamento com Sc905 impediu a perda de peso dos animais, quando comparado àqueles que não receberam a levedura, mas receberam o quimioterápico. A levedura também impediu a destruição da mucosa intestinal, característica da mucosite, sendo que houve preservação das vilosidades intestinais e das criptas e um menor infiltrado inflamatório e edema. O mecanismo pelo qual a levedura exerce esse efeito ainda não foi elucidado, no entanto, acredita-se que a ela poderia diminuir ou impedir o aumento de enterobactérias no intestino delgado, já que bactérias como Escherichia coli podem se ligar à parede celular da Sc905 e poderiam ser eliminadas com maior frequência nas fezes. Além disso, hipotetiza-se que Sc905 poderia estimular a produção de citocinas anti-inflamatórias, o que justificaria, também, uma menor inflamação da mucosa intestinal. Os resultados obtidos nos levam a concluir que o uso de Sc905 diminui os efeitos da mucosite induzida por irinotecano.