Resumo

A mastite é a enfermidade de maior prevalência que afeta o gado leiteiro. A infusão intramamária de antibióticos é o método mais utilizado para o tratamento dessa infecção, determinando a emergência de bactérias resistentes no caso do uso inadequado. O aumento da prevalência de bactérias multirresistentes causadores de mastite é grave, pois leva a redução da efetividade de antimicrobianos e ao aumento da morbidade e dos custos para combater a doença. Dessa forma, alternativas para o tratamento da mastite estão sendo pesquisadas, destacando-se os fitoterápicos. O objetivo desse trabalho foi avaliar a atividade antibacteriana in vitro do óleo essencial de Castanha-do-Brasil frente à bactérias isoladas de casos de mastite bovina, assim como determinar a citotoxidade in vitro desse óleo. Previamente foram selecionadas 40 bactérias de diferentes espécies dentro do gênero Staphylococcus sp, que apresentaram resistência a no mínimo seis antibióticos de uso comercial. A atividade antibacteriana do óleo foi determinada pela técnica de Microdiluição em Caldo (CLSI M7-A6), através do cálculo da Concentração Inibitória Mínima (CIM). A avaliação da citotoxidade foi realizada em células MDBK (Madin-Darby bovine kidney), em que a viabilidade celular foi evidenciada com o auxilio do corante vermelho neutro. A CIM apresentou valores entre 0,67 e 85,4 µg/mL, e média de 48,4 µg/mL. Os maiores valores de CIM foram apresentados pela espécie Staphylococcus aureus, que apresentaram previamente características de resistência a um maior numero dos antibióticos utilizados no tratamento da mastite. A avaliação da citotoxidade demonstrou que em concentrações inferiores a 11,0 µg/mL o óleo não apresentou efeito tóxico a 80% das células, e, em valores menores de 5,3 µg/mL, 100% das células apresentaram-se viáveis. No entanto, essas concentrações encontram-se abaixo da média da CIM das bactérias. Os resultados demonstraram que o óleo de Castanha apresentou atividade antimicrobiana, porém apenas 10% dos isolados foram sensíveis à ação do óleo na concentração em que esse não apresentou efeito citotóxico, demonstrando que os óleos essenciais não devem ser utilizados puros, e sim em concentrações limitadas e conhecidas, pois frequentemente apresentam toxicidade elevada, própria da sua composição química. Entretanto estudos da citotoxidade em outras variedades celulares devem ser realizados.