Resumo

As formigas cortadeiras mantém um mutualismo com o fungo Leucoagaricus gongylophorus, utilizado como alimento por estes insetos. Além do parceiro fúngico, vários fungos pertencentes à ordem Hypocreales também são encontrados nos ninhos dessas formigas. Para avaliar o possível emprego desses fungos no controle das formigas cortadeiras, o presente estudo avaliou a ação antimicrobiana de cinco linhagens de Hypocreales frente a L. gongylophorus. Foram obtidos extratos de quatro linhagens de Escovopsis sp. (A, B, C e D) e de uma linhagem de Hypocreales não identificado (E). Os fungos foram cultivados em PDB durante 14 dias a 25 °C, em agitação. Para obtenção dos extratos brutos, os cultivos foram filtrados em membrana de 0,45 μ. Para obtenção das frações, uma extração líquido-líquido foi realizada utilizando como solvente acetato e butanol. Nos ensaios com o extrato bruto foi utilizada a proporção de 1:1 (5 mL de meio e 5 mL de extrato); já a concentração de 1 mg mL^-1 das frações acetato e butanol foi utilizada nos demais ensaios. Para todos os ensaios foram realizadas sete repetições, as quais foram incubadas a 25 °C durante 21 dias. Para a avaliação da taxa de crescimento do L. gongylophorus, as placas foram digitalizadas e as imagens analisadas no programa ImageJ. As médias de área de crescimento foram analisadas utilizando ANOVA (dois critérios). Os extratos brutos de todas as linhagens de Hypocreales testadas inibiram significativamente o crescimento de L. gongylophorus (P < 0,05). O crescimento do fungo das formigas foi inibido na fração acetato frente às linhagens Escovopsis sp. B (F = 4,365; P = 0,0159) e Escovopsis sp. D (F = 28,91; P < 0,001). Nenhuma fração butanólica inibiu significativamente o crescimento do fungo mutualista. Por outro lado, a fração butanólica das linhagens de Escovopsis sp. B (F = 3,757; P = 0,0276) e Hypocreales não identificado E (F = 7,347; P = 0,009) estimularam o crescimento de L. gongylophorus. No geral, os resultados indicam que o efeito inibitório está associado ao extrato bruto; o que sugere que o princípio ativo não foi extraído nas frações empregadas ou foi degradado. Estudos adicionais com o extrato bruto serão realizados para identificar o princípio ativo que confere a ação observada.