Resumo

A resposta inflamatória a um agente infeccioso pode contribuir na patogênese da doença cardiovascular e a infecção pela Chlamydia tem sido associada com a doença coronariana. Além disso, têm aumentado as evidências de que as citocinas inflamatórias e os polimorfismos genéticos podem ser utilizados como preditores do risco para a evolução de doença coronariana. No presente trabalho foram selecionados 88 indivíduos que apresentavam doença coronariana e foram testados para a presença de anticorpos para Chlamydia, assim como foi investigada a presença de polimorfismos nos genes das citocinas IL-6 (634 C/G) e IL-10 (1082 G/A) e comparados a um grupo com doença coronariana, sem anticorpos para Chlamydia e um grupo de 100 pessoas aparentemente hígidas, com sorologia negativa para Chlamydia. A detecção de anticorpos para Chlamydia foi feita usando-se um ensaio imunoenzimático do tipo ELISA. A detecção dos polimorfismos foi investigada usando-se a reação em cadeia mediada pela polimerase, seguida da digestão dos produtos gênicos amplificados (RFLP), com as enzimas BsrBI (IL-6) e MnlL (IL-10). A frequência de anticorpos para Chlamydia foi de 64,8% entre o grupo com doença coronariana. O genótipo GG do polimorfismo IL-634 C/G foi mais frequente no grupo de doença coronariana e sorologia positiva para Chlamydia (49,1%) em comparação com o grupo de doença coronariana e sorologia negativa para Chlamydia (38,7%), mas não se detectou diferença estatística (G=5,8837, p=0,0528). O genótipo AA do polimorfismo IL-10-1082 G/A predominou em todos os grupos, com frequência maior no grupo controle (50,5%), mas também sem associação estatísticamente significante (G=2,278, p=0,7307). A associação dos polimorfismos IL-6-634 C/G e IL-10 G/A com a doença coronariana e a infecção pela Chlamydia, não foi demonstrada, portanto, novas investigações incluindo um maior número de amostras e as dosagens das citocinas são necessárias para melhor avaliar o papel desses polimorfismos na patogenia da doença coronariana.