Resumo

Com 4.731 internações em 2012, a febre reumática (FR) aguda permanece como a principal causa de cirurgia cardíaca em jovens, esta e a cardiopatia reumática crônica continuam sendo importantes problemas de saúde pública no Brasil. O objetivo deste estudo é determinar a prevalência da colonização da orofaringe pelos estreptococos beta-hemolíticos em Ponta Grossa (PR), bem como estimar a eficácia da ASO em comparação à cultura por meio da curva ROC (Receiver Operating Characteristic). Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional e transversal, com participação de 180 crianças, de até 12 anos. Foram coletadas amostras de secreção da orofaringe para cultura e de sangue para realização da ASO. A média de idade dos participantes foi 6.82 (±2.65). A prevalência do EGA encontrada foi de 3,9%, 2,2% para EGB, 1,1% para EGC e 1,7% para EGG. Do total de pacientes, 25,5% apresentaram ASO reagente. A média dos títulos de antiestreptolisina-O nos pacientes em que foi identificado estreptococo dos diversos grupos foi de 337.5 unidades Todd, comparada a 93.9 unidades Todd para pacientes com cultura negativa (p = 0.0001). Dos 16 pacientes com cultura positiva, a ASO foi reagente (a partir de 200 U) em 8 (50%), e em 38 crianças que apresentaram cultura negativa (23.1%), com p = 0.04. Quando o EGA estava presente, a média da ASO encontrada foi de 657.1 U, comparada a 93,94 U em sua ausência (p = 0.0001). Dos pacientes infectados, 100% apresentaram ASO reagente, resultado encontrado em 22.5% dos não-infectados (p = 0.0001). A maior sensibilidade da ASO foi correspondente a 200 unidades Todd, e a maior especificidade, a 1200 unidades, proporcionando a própria taxa de 200 unidades ser a de melhor acurácia, com uma sensibilidade de 100% e especificidade de 88%, com 93% dos pacientes sob a curva gerada. Com os resultados encontrados, para a região dos Campos Gerais, pacientes com ASO igual ou superior a 1200 unidades devem receber tratamento para infecção de orofaringe pelo EGA, uma vez que o tratamento com penicilina G benzatina reduz em até 80% os casos de FR. Mais estudos em diferentes populações devem ser conduzidos, tendo em vista a variabilidade dos níveis de ASO encontradas em populações de outros países.