Resumo

A presença de agentes bacterianos patogênicos no sistema reprodutor feminino dos bovinos pode influenciar de forma negativa os índices reprodutivos dos rebanhos, principalmente devido a infecções no momento do parto e pós-parto. Objetivou-se com este trabalho avaliar a microbiota vaginal de vacas mestiças da raça holandesa e gir, em diferentes graus de sangue, em propriedades leiteiras da Microrregião Garanhuns, Pernambuco. Para isso, foram coletadas 96 amostras de muco cérvico-vaginal em oito propriedades, com a utilização de escovas ginecológicas esterilizadas adaptadas a uma pipeta de inseminação artificial, com auxílio de um espéculo vaginal. O material coletado foi acondicionado em tubos falcon estéreis contendo 3mL de solução de tampão fosfato (PBS) com pH de 7,2 e encaminhados sob refrigeração em caixas isotérmicas ao laboratório para o devido processamento.Uma alíquota de 0.1mL das amostras foram semeadas em ágar base acrescido de 10% de sangue carneiro e ágar MacConkey e incubadas a 37º C em aerobiose, realizando-se leituras às 24, 48 e 72 horas. Os agentes isolados foram identificados de acordo com as características morfológicas das colônias e morfotintoriais pelo método de coloração Gram. Ao exame microbiológico, 64,58% (62/96) foram positivas. Os agentes isolados foram: Staphylococcus spp. (32/96), Corynebacterium spp. (18/96), Staphylococcus spp./Micrococcus spp. (12/96), Bacillus spp. (6/96), enterobactérias (2/96) e Streptococcus spp. (1/96). A colonização do trato genital dos animais por estes agentes pode resultar, caso haja uma lesão ou um quadro imunossupressor, em um processo inflamatório local, que pode evoluir para uma endometrite e ocasionar sérios prejuízos aos produtores, principalmente devido a falhas reprodutivas. O conhecimento da microbiota genital das fêmeas bovinas pode auxiliar no tratamento de algumas enfermidades que acometem este sistema, reduzindo assim, as perdas econômicas decorrentes da diminuição da produção e gastos com o tratamento dos animais enfermos.