Resumo

A criação comercial de perus (Meleagris gallopavo) apresentou expansão, com abate de 12,124 milhões de aves em 2010, resultando em uma receita de US$ 424.498.487. Apesar de altamente produtivo, o setor ainda apresenta alguns desafios, dentre os quais se destacam as infecções causadas por Salmonella, que resultam em prejuízos econômicos e perigo à saúde dos consumidores. O objetivo deste trabalho foi investigar a presença de Salmonella spp nas fezes de perus comerciais. Foram coletadas fezes de 6 animais por lote de perus sem diarréia e de 9 animais com diarréia, totalizando 39 amostras de 14 lotes distintos. A presença de Salmonella foi determinada pela reação em cadeia pela ação da polimerase (PCR), após extração do DNA do caldo de tetrationato de sódio, com incubação a 37^°C por 24 h. A amplificação foi realizada segundo protocolo descrito por Alvarez et al. (2004) em sistema multiplex para identificação de Salmonella spp (ompCF e ompCR), Salmonella Enteritidis (entF e entR) e Salmonella Typhimurium (typhF e typhR). Foram considerados positivos para Salmonella spp nove perus, sendo seis com diarréia e três sem quadro clínico. As amostras identificadas como Salmonella spp foram negativas para os genes relacionados com os sorotipos S. Enteritidis e S. Tiphymurium, comumente encontrados nas criações de frangos de corte. Com a implantação do Programa Nacional de Sanidade Avícola, a prevalência de Salmonella em criações comerciais diminuiu a partir de 2000 e o controle nas criações de perus tornou-se mais rigoroso após os Regulamentos n^o. 2160/2003 e n^o. 584/2008 da Comissão Européia, que estabeleceu como meta a redução para menos de 1% de perus positivos para S. Enteritidis e S. Typhimurium até 31 de Dezembro de 2012. Durante o período de 1962 a 1991, o Laboratório de Enterobactérias da FIOCRUZ, recebeu apenas 165 amostras suspeitas de Salmonella isoladas de perus, o que corresponde a 7,7% do total de amostras de origem aviária. O presente trabalho demonstrou a presença de Salmonella spp em 23,08% das amostras e apontou a necessidade de monitoramento do agente nas criações de perus, em função do risco de saúde pública aos consumidores. O isolamento em aves assintomáticas alertou para a existência de aves portadoras.