Resumo

A utilização dos resíduos da agroindústria para a criação de novos produtos com valor agregado é uma ferramenta muito importante que vem merecendo destaque no país e no mundo. O Brasil é considerado um dos países que mais geram resíduos, desta forma a transformação destes compostos em novos produtos é imprescindível já que contribui para a preservação ambiental promovendo a adequada disposição dos mesmos no ambiente. Neste contexto as indústrias vinícolas têm destaque, já que o subproduto gerado por elas é de lenta decomposição e acarreta em poluição do meio ambiente. A casca e a semente da uva são responsáveis pela maior parte dos resíduos deste setor (cerca de 20 a 48%). Esta é composta por celulose(glicose), hemicelulose (xilose, arabinose) e lignina. A glicose proveniente da celulose é facilmente fermentada pela levedura Saccharomyces cerevisiae, porém a xilose da hemicelulose não é metabolizada por esta levedura. O presente trabalho buscou selecionar a partir da casca de uva micro-organismos capazes de fermentar a xilose dos materiais lignocelulósicos em etanol. Foram selecionadas três variedades de uva (Rubi, Thompson e Niagara). Foram colocados 20g massa úmida) de cada amostra de casca de uva em um meio de cultura base (peptona 0,5% (p:v), MgSO4 0,035% (p:v), K2HPO4 0,05% (p:v), Na2HPO4 0,05% (p:v)), sendo incubado em agitador orbital a 32ºC com agitação a 120 rpm por 72 horas. Após o crescimento dos micro-organismos, estes foram estriados no meio base citado com adição de xilose 2% (p:v) e Agar 1,5% (p:v) e incubados a 32ºC por 48h. Os micro-organismos isolados deste meio foram testados quanto à capacidade de assimilar xilose, sendo submetidos à fermentação em meio líquido com xilose como única fonte de carbono nas concentrações de 2%, 3%,4% e 5% em pH 6,0 por 48horas. Duas linhagens de leveduras denominadas RL1 e RL5 (da uva Rubi) mostraram-se promissoras neste tipo de fermentação. Para RL1 os melhores resultados foram com 2% e 5% de açúcar no mosto, sendo que a produção de etanol chegou a 6,2g/L, e o Ye/s máximo foi de 0,36g/g. Para RL5 as melhores condições foram com 3% de açúcar no mosto onde a produção máxima de etanol foi de 3,5 g/L e Ye/s máximo de 0,22g/g. Ambas as linhagens metabolizaram a xilose produzindo etanol.