27º Congresso Brasileiro de Microbiologia
Resumo:86-2


Poster (Painel)
86-2RELACIONAMENTO GENÉTICO ENTRE ISOLADOS VAGINAIS E ANAIS DE Candida albicans OBTIDOS DE PACIENTES COM CANDIDÍASE VULVOVAGINAL
Autores:MEDEIROS, M.A.P. (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) ; MELO, A.P.V. (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) ; GONÇALVES, S.S. (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; MILAN, E.P. (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) ; CHAVES, G.M. (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

Resumo

Candidíase vulvovaginal (CVV) é uma infecção da vulva e da vagina que acomete cerca de 75% das mulheres em idade reprodutiva, sendo a maioria dos casos (80 a 90%) devido à C. albicans. Estudos indicam a existência de cepas de C. albicans com tropismo para a vagina e relacionadas à gravidade da CVV. Várias investigações têm sido realizadas sobre a epidemiologia da CVV, contudo a fonte da infecção permanece incerta. Este trabalho objetivou avaliar o relacionamento genético entre cepas clínicas de C. albicans sequencialmente obtidas de ânus e vagina de pacientes com CVV esporádica e recorrente. Foram analisados 62 isolados clínicos de C. albicans (36 isolados vaginais e 26 isolados anais). As leveduras foram triadas através de semeio em meio cromogênico CHROMagar Candida® e identificadas pela prova do microcultivo em ágar fubá com tween 80 e metodologia clássica (assimilação e fermentação de carboidratos). Para a caracterização genotípica, foram empregadas duas técnicas de genotipagem: amplificação randômica de DNA polimórfico (RAPD) utilizando o primer B14 e genotipagem por microssatélites utilizando o primer M13, analisando-se os resultados por dendrograma gerado através de análise de agrupamento, de acordo com a similaridade dos padrões de bandas obtidos. Verificou-se, por ambas as técnicas de genotipagem, tendência à microevolução das cepas vaginais de C. albicans obtidas sequencialmente de uma mesma paciente ao longo do tempo. Com relação às cepas anais de C. albicans obtidas sequencialmente, observou-se tendência à microevolução pela técnica de genotipagem por microssatélites e tendência à substituição quando se empregou RAPD. Na maioria das situações, verificou-se alta similaridade genética entre isolados vaginais e anais de C. albicans obtidos simultaneamente de uma mesma paciente, por ambas as técnicas de genotipagem. Não houve diferença genética significativa entre os isolados obtidos de grupos de pacientes com diferentes condições clínicas (CVV esporádica e recorrente). A maior prevalência de microevolução das cepas de C. albicans no ambiente vaginal, encontrada no nosso estudo, corrobora com a hipótese de que existam “subcepas” do clone vaginal estabelecido, as quais dominam de maneira aparentemente randômica ao longo do tempo; enquanto no sítio anal observou-se uma maior variabilidade genética, resultado compatível em se tratando de sítios de colonização. Sugere-se que as cepas patogênicas vaginais são mantidas no reservatório anal que, na maioria das situações, constitui a fonte da infecção da CVV.