Resumo

Os materiais lignocelulósicos são fontes alternativas para a produção de etanol. Entre os substratos lignocelulósicos produzidos no Brasil, o bagaço de cana-de-açúcar é abundante e disponível e pode ser utilizado para a produção de etanol, mas para isso é necessário liberar os açúcares fermentescíveis. Qualquer que seja a via de hidrólise, o material hidrolisado conterá D-xilose, que é a pentose mais abundante na constituição de material lignocelulósico. O número de micro-organismos que podem fermentar D-xilose para a produção de etanol é bastante limitado. Neste trabalho procuramos isolar leveduras com essas características a partir de caldo-de-cana-de-açúcar. O meio utilizado para os isolamentos foi o Yeast Extract Peptone Xylose (YEPX). Para selecionar as cepas produtoras de etanol a partir de D-xilose, utilizamos Candida silvae BR3-3BY, que é incapaz de crescer utilizando D-xilose como fonte de Carbono, mas se desenvolve em presença de etanol. O crescimento desta cepa ao redor das colônias se deve à presença de etanol produzido por estas. Alíquotas de 0,8 µl de uma suspensão da cepa Candida silvae BR3-3BY foram semeadas pelo método “pour plate” em meio YNB contendo xilose (2%). Sobre esta foram semeadas 4 leveduras por placa, sendo uma delas a cepa Candida shehatae CG8 8BY, que produz etanol a partir da xilose e foi usada como controle positivo. As placas foram incubadas a 300 C por 10 dias. De um total de 107 cepas isoladas do caldo-de-cana, apenas 2 foram selecionadas por sua possível capacidade de produzir etanol a partir da D-xilose, indicado pela presença de halo de crescimento ao redor das colônias. Através do sequenciamento dos domínios D1/D2 do rDNA elas foram identificadas como Wickerhamomyces anomalus e Schizosaccharomyces pombe. O método mostrou ser efetivo para uma seleção em grande escala de leveduras com potencial para produção de etanol a partir de D-xilose. Entretanto, determinações quantitativas de rendimento precisam ser realizadas para uma análise mais precisa dos resultados.