Resumo

Solos serpentínicos apresentam características extremas como alta concentração de compostos ferromagnesianos e grande quantidade de metais pesados. São encontrados em vários países, e no Brasil ocorrem nos estados de GO, BA e MG. A microbiota nativa deve apresentar mecanismos de tolerância aos metais pesados presentes nesse solo, podendo ser utilizada em processos de biorremediação. O objetivo do presente estudo foi comparar o número, e classificar colônias obtidas a partir de dois tipos de solo serpentínico. O estudo foi realizado com amostras de solo laterítico e saprolítico, coletadas na região de Barro Alto, GO, na área da mineradora “Anglo American”. Análises físico-químicas do solo foram realizadas pela Embrapa-Cerrados. Amostras foram inoculadas no meio de cultura complexo R2A e no meio mineral VL55 contendo 0,05% de xilana como fonte de carbono, sendo preparados com e sem a adição de 5 mM de Ni. O número de unidades formadoras de colônias foi avaliado após 5 semanas de crescimento. Diferentes morfotipos foram identificados pela filogenia do gene do RNAr16S. Análises físico-químicas demonstraram que o pH dos solos é próximo de 6.5. O solo saprolítico apresentou uma concentração de 716,19 mg/kg de Ni; sendo 7 vezes maior que o laterítico. Apresentou também 1,5 vezes mais matéria orgânica que o laterítico. Um maior número de UFC foi observado em amostras de solo saprolítico, em todos os tratamentos, sugerindo que o conteúdo de matéria orgânica influenciou na viabilidade de bactérias heterotróficas, mesmo em presença de Ni. Bactérias do filo Actinobacteria foram encontradas em todos os tratamentos, sendo o gênero Arthrobacter o mais frequente. Resultado esperado, pois Actinobacterias são encontradas em solos serpentínicos, sendo de fácil cultivo. Os filos Proteobacteria, Bacteroidetes, Firmicutes e Acidobacteria foram identificados em menor proporção, sendo a família Bradyrhizobiaceae (Proteobacteria) a mais frequentemente encontrada em meio contendo Ni. Essas bactérias podem estar associadas à plantas e apresentam capacidade de fixar nitrogênio; já foi reportada sua capacidade de tolerar Ni. Embora análises utilizando de cultivo sejam limitadas pelo viés do meio de cultura, a manutenção de bactérias já resistentes em Ni no laboratório permite que os mecanismos de resistência sejam estudados avaliando-se seu potencial para utilização em biorremediação de áreas contaminadas com metais pesados.